Olfato e gosto: 8 anos de experiência de um Centro Terciário
DOI:
https://doi.org/10.34631/sporl.2195Palavras-chave:
Perturbação do olfato, anosmia, hiposmia, odor, nasossinusal, neurossensorial, pós-infecciosa, pós-traumáticaResumo
Introdução: A disfunção do olfato afeta 10 a 20% da população e compreende alterações qualitativas e quantitativas. A avaliação clínica tem como objetivo presumir uma etiologia com base na história clínica, exame objetivo e exames psicofísicos do olfato. Apesar de ser cada vez mais fácil avaliar a função olfativa, estabelecer a etiologia da perturbação do olfato permanece um desafio.
Objetivo: Realizar análise descritiva dos doentes seguidos em consulta de Perturbações Olfato e Gosto, categorizar as etiologias com base na história clínica e testes psicofísicos do olfato e documentar os outcomes terapêuticos.
Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes avaliados em consulta de de Olfato e Gosto entre 2016 e 2023. Foram recolhidos dados demográficos, comorbilidades associadas, gravidade inicial da perda olfativa, duração das queixas, presença de outros sintomas nasossinusais, exames de diagnóstico e terapêutica instituída. A avaliação psicofísica do olfato foi realizada através da aplicação do Sniffin’ Stiks® validado para português de Portugal, e o resultado apresentado em score TDI. A melhoria do olfato após instituição terapêutica foi tida por um aumento mínimo de 5 pontos no TDI score.
Resultados: Foram incluídos 133 doentes, 81 do sexo feminino, com idade média de 54,55 anos. Os doentes foram categorizados em 8 grupos de acordo com a etiologia presumida da perturbação do olfato. A análise estatística dos resultados demonstrou que a etiologia presumida mais frequente foi a nasossinusal, com prevalência de 60%, apresentando resultados piores no teste de avaliação do limiar que nos testes de discriminação e identificação do odor. Os doentes com perda olfativa pós-infeciosa (12%) apresentavam resultados satisfatórios no limiar e na discriminação e resultados mais baixos na identificação do odor. Doentes com patologia neurodegenerativa (10%) mostravam um bom resultado na avaliação do limiar, mas resultado mais baixo na identificação e discriminação do odor. A perda de olfato pós-traumática representa 8% dos casos, e apresentou um score TDI globalmente baixo (19,43). Os doentes foram tratados com corticoide nasal, ciclos curtos de corticoide sistémico, reabilitação olfativa, ou cirurgicamente, de acordo com a etologia presumida. A etiologia com melhor prognóstico foi a pós-infecciosa. A etiologia com pior prognóstico foi a pós-traumática.
Conclusão: Dada a prevalência das perturbações do olfato e a sua relação com a qualidade de vida e segurança da população, a sua identificação e tratamento precoces são de especial importância. A identificação da etiologia, através da avaliação das várias apresentações e padrões psicofísicos do olfato é essencial para desenvolver estratégias de tratamento direcionadas. No entanto, a correta categorização das etiologias permanece um desafio e destaca a necessidade de aprimorar estratégias diagnósticas.
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