Tratamento de paraganglioma com petrosectomia subtotal. Caso clínico

Autores

  • Filipa Oliveira Interna do Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Pedro Cavilhas Interno do Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Pedro Escada Chefe de Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Gonçalo Neto de Almeida Assistente Graduado de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Pedro Sousa Assistente de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Madeira da Silva Director do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.138

Palavras-chave:

Paraganglioma, Glómus timpânico, Audiograma, Tomografia axial computorizada, Ressonância magnética, Arteriografia, Petrosectomia subtotal, Hipoacúsia de condução

Resumo

Os paragangliomas são tumores raros, particularmente na região da cabeça e pescoço. Desenvolvem-se a partir das células do sistema nervoso autónomo, sendo mais frequentemente encontrados no corpo carotídeo, no corpo jugular, ao longo do nervo glossofaríngeo e no nervo vago. A identificação deste tipo de lesões no ouvido médio baseia-se na anamnese, na observação e em exames complementares de diagnóstico como o audiograma, a imitância acústica (impedanciometria), a tomografia computorizada e a ressonância magnética. O objectivo deste trabalho é o de demonstrar a utilidade da petrosectomia subtotal como uma técnica, ou tempo cirúrgico, que está incluída nas abordagens realizadas para o tratamento dos paragangliomas do osso temporal. Um doente de 45 anos de idade foi referenciado para o Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz com o diagnóstico de paraganglioma jugulo-timpânico à direita, para tratamento cirúrgico. A operação incluiu a petrosectomia subtotal, tendo obtido a excisão completa do tumor. A petrosectomia subtotal é utilizada nos acessos laterais à base do crânio nos quais seja necessário remover toda a porção pneumatizada do osso temporal. Pode ser realizada como um procedimento isolado ou, mais frequentemente, é o tempo cirúrgico inicial de uma abordagem que se estende a outra área anatómica vizinha do osso temporal. A petrosectomia subtotal consiste na eliminação de todas os grupos celulares do osso temporal com preservação das corticais ósseas profundas e da cápsula ótica. A operação implica o encerramento definitivo do canal auditivo externo e do orifício timpânico da trompa de Eustáquio, assim como a obliteração da cavidade com gordura abdominal autóloga. No caso clínico em concreto a petrosectomia subtotal, estendida à região infralabiríntica e cervical (via da Fossa Infratemporal do tipo A) foi utilizada para remover a lesão do osso temporal. O doente teve alta ao nono dia de pós-operatório, apresentando com sequela cirúrgica uma hipoacusia de condução permanente. O follow-up foi realizado periodicamente com recurso a exames imagiológicos, nomeadamente a ressonância magnética. As opções terapêuticas possíveis para os paragangliomas são várias, desde a vigilância sem tratamento, à radioterapia e à cirurgia. No entanto, a única terapêutica curativa é a cirúrgica. No nosso doente optámos pela realização de uma via de abordagem que incluía a petrosectomia subtotal. Um ano após a operação a doente encontra-se clinicamente bem, tendo voltado à sua actividade.

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Como Citar

Oliveira, F., Cavilhas, P., Escada, P., Neto de Almeida, G., Sousa, P., & Silva, M. da. (2012). Tratamento de paraganglioma com petrosectomia subtotal. Caso clínico. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 50(1), 71–76. https://doi.org/10.34631/sporl.138

Edição

Secção

Caso Clínico