Auto-avaliação da voz cantada. Estado da arte e investigações necessárias

Autores

  • Clara Capucho Assistente Hospitalar Graduada, Assistente Voluntária de Otorrinolaringologia; Consulta de Voz, Serviço Universitário de Otorrinolaringologia, Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental; Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • Pedro Alberto Escada Chefe de Serviço Hospitalar, Assistente Convidado de Otorrinolaringologia Serviço Universitário de Otorrinolaringologia, Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental; Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • José Madeira da Silva Director de Serviço Hospitalar, Professor Associado de Otorrinolaringologia Serviço Universitário de Otorrinolaringologia, Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental; Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.163

Palavras-chave:

Distúrbios vocais, Auto-avaliação, Canto, Deficiência, Incapacidade, Desvantagem, Qualidade de vida

Resumo

O propósito deste trabalho é o de rever a literatura médica no tema da autoavaliação da voz cantada, descrever os instrumentos que têm sido utilizados com esta finalidade, descrever o processo da sua criação e validação e apontar tópicos de investigação necessária nesta área em Portugal. Tradicionalmente, a exploração da doença ou a avaliação dos resultados dos tratamentos tem privilegiado a observação clínica e exames como a laringoscopia. Só nos últimos anos esta avaliação passou a incluir, igualmente, uma avaliação do impacto da doença na qualidade de vida do doente a partir da sua própria perspectiva. Os questionários destinados à autoavaliação incluem a avaliação de aspectos multidimensionais da doença tais como a deficiência, a incapacidade e a desvantagem. Têm uma robustez estatística superior aos dos outros métodos de avaliação clínica da voz o que os torna interessantes pela sua utilidade clínica e para serem utilizados em investigação.

Já foram criados mais de uma dezena de questionários destinados à autoavaliação da voz falada mas o Índice de Desvantagem Vocal ou Voice Handicap Index (VHI), criado em 1997 e constituído por 30 itens divididos por 3 diferentes subescalas: física, funcional e emocional, tem mostrado ser superior aos seus concorrentes, por permitir o estudo de uma maior diversidade de patologias vocais e por ser superior na determinação das modificações que resultam dos tratamentos. O VHI também tem tido uma maior divulgação, já estando traduzido em cerca de 14 línguas diferentes, incluindo o português de Portugal. O primeiro instrumento desenhado especificamente para a auto-avaliação da voz cantada foi criado na Bélgica em 2005 mas foi em 2007 que foi criado nos EUA o Índice de

Desvantagem Vocal no Canto ou Singing Voice Handicap Index (SVHI), instrumento que já é considerado o instrumento de referência nessa área. Foi comprovado que existem factores específicos da voz cantada que podem ser identificados pelo SVHI e que este instrumento é mais sensível do que o VHI para detectar mudanças clínicas na voz e para avaliar a eficácia dos tratamentos nos cantores. Seria interessante a tradução e validação deste instrumento para a língua portuguesa de Portugal, para que o mesmo pudesse ser utilizado pelos médicos de otorrinolaringologia que tratam cantores e pretendem uma avaliação objectiva da repercussão da doença e dos resultados dos tratamentos nestes doentes. O processo de tradução e validação do SVHI para a língua portuguesa já foi iniciado na Consulta de Voz do Hospital de Egas Moniz, estando neste momento em fase de conclusão.

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Como Citar

Capucho, C., Escada, P. A., & Madeira da Silva, J. (2011). Auto-avaliação da voz cantada. Estado da arte e investigações necessárias. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 49(2), 91–100. https://doi.org/10.34631/sporl.163

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Artigo de Revisão