Congestão Nasal em Portugal – Epidemiologia e Implicações

Autores

  • M. Branco-Ferreira Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria - Lisboa; Faculdade de Medicina de Lisboa; Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC)
  • M. Morais-Almeida Unidade de Imunoalergologia, Hospital CUF-Descobertas, Lisboa; SPAIC
  • S. Massano Cardoso Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina, Coimbra
  • E. Barros Serviço de ORL do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Hospital de São José, Lisboa: Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (SPORL)
  • L. Monteiro Serviço de ORL do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Hospital de Dona Estefânia, Lisboa; SPORL

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.397

Palavras-chave:

obstrução, nasal, rinite, epidemiologia, Portugal

Resumo

A congestão nasal é o sintoma mais referido nas doenças inflamatórias e/ou infecciosas da mucosa nasal, sendo a rinite alérgica a sua causa mais frequente. Existindo deficiente informação epidemiológica sobre a problemática em discussão, o presente estudo avalia e caracteriza a prevalência da obstrução nasal na população adulta e a situação actual quanto à etiologia e tratamento deste sintoma tão frequente na prática clínica. Metodologia: O estudo foi realizado durante o primeiro trimestre de 2007, com base numa amostra representativa da população de Portugal, de idade igual ou superior a 15 anos. Foi aplicado um questionário para identificação de sete sintomas ocorridos nas duas últimas semanas e ainda a identificação de três sintomas ocorridos na última semana, sendo feitas avaliações funcionais, com medições do fluxo inspiratório máximo nasal (peak-flow nasal) numa sub-amostra da população. Foi criado um “índice de congestão nasal global”, com base nas sete perguntas do questionário, através da transformação do indicador das respostas num índice. Resultados: Dos 1037 inquiridos, cerca de 9,5% afirmaram ter dificuldades em trabalhar, aprender na escola ou fazer as suas actividades por causa dos sintomas nasais. Cerca de 2/3 da população não apresentou congestão nasal (grupo A, 65,6%), 16,4% revelou queixas pouco significativas (grupo B), 13,3% apresentou congestão nasal ligeira a moderada e cerca de 4,6% apresentou congestão nasal grave. Cerca de 17,9% da população estudada tem queixas significativas de congestão nasal. Os índices de congestão nasal foram significativamente mais elevados nas mulheres e nos indivíduos que referiram dificuldades em trabalhar/estudar/fazer alguma actividade devido aos sintomas nasais. Na análise dos três sintomas ocorridos durante a última semana, os doentes com índices de congestão mais elevados apresentavam significativamente mais queixas de “acordar de manhã com nariz tapado ou obstruído” (p <0,0001) “acordar de manhã com boca seca ou com sede” (p <0,0001) e de ressonar (p<0,0001). Os valores de “peak-flow” nasal inspiratório (n=473) foram superiores no sexo masculino e diminuem à medida que aumenta o índice de congestão. Conclusões: A prevalência de queixas de congestão nasal na população portuguesa é significativa, com implicações frequentes e relevantes nos sintomas de órgãos adjacentes e na redução da produtividade laboral e escolar. A partir de um questionário validado de 7 perguntas, é possível construir índices de congestão nasal que permitem a avaliação do grau de congestão nasal, definindo a necessidade de iniciativas terapêuticas e passando também pela consciencialização da comunidade, dos doentes e dos médicos da dimensão deste problema e suas implicações psico-sociais.

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Como Citar

Branco-Ferreira, M., Morais-Almeida, M., Massano Cardoso, S., Barros, E., & Monteiro, L. (2008). Congestão Nasal em Portugal – Epidemiologia e Implicações. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 46(3), 151–160. https://doi.org/10.34631/sporl.397

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Artigo Original