Gusher perilinfático: Complicação imprevisível de cirurgia estapédica

Autores

  • Miguel Viana Interno do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal
  • Sara Cruz Interna do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal
  • Paula Azevedo Assistente Hospitalar Graduada do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal
  • Delfim Duarte Chefe de Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal
  • Manuel Rodrigues e Rodrigues Director de Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.93

Palavras-chave:

Otosclerose, Gusher perilinfático, Estapedotomia, Surdez familiar ligada ao X

Resumo

O gusher perilinfático (GP) é uma complicação conhecida da
cirurgia estapédica. O fluxo de perilinfa de facto corresponde
a líquido cefalorraquidiano (LCR) que tem acesso ao vestíbulo
e deste ao ouvido médio, tornando difícil completar a
cirurgia e obter um bom resultado auditivo. Alguns casos
estarão associados a surdez familiar ligada ao X tipo 3
(DFN3). Apresentam-se três casos clínicos de GP em doentes
submetidos a estapedotomia, um num doente com hipoacusia
unilateral, o segundo numa doente previamente submetida
a estapedotomia contralateral com sucesso, e o último num
caso de cirurgia de revisão em que não se havia verificado
fuga de perilinfa na primeira cirurgia. O GP apresentou-se
como uma complicação imprevisível da cirurgia estapédica.
O controlo do fluxo perilinfático inclui para além da selagem
da janela oval se possível com colocação de prótese, o uso
de métodos que permitam diminuir a pressão do LCR. Num
doente do sexo masculino com hipoacusia mista, história
de surdez familiar e reflexos estapédicos presentes deve-se
suspeitar de surdez familiar ligada ao X, sendo que o TC de
cortes finos permite avaliar alargamento do CAI ou outras
malformações vestibulares. Na ausência de história familiar,
é difícil determinar no pré-operatório quais os doentes em
risco.

Referências

Rolanda PS, Meyerhoff WL. Otosclerosis. In: Balley BJ, ed. Otolaryngology – Head and Neck Surgery, 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams e Wilkins, 2001:1829-1841.

Rebol J. The unilateral stapes gusher. Wien Klin Wochenschr. 2004;116 Suppl 2:90-2.

Causse JB, Causse JR, Wiet RJ, Yoo TJ. Complications of stapedectomies. Am J Otol. 1983 Apr;4(4):275-80.

Cremers CW, Snik AF, Huygen PL, Joosten FB, et al. X-linked mixed deafness syndrome with congenital fixation of the stapedial footplate and perilymphatic gusher (DFN3). Adv Otorhinolaryngol. 2002;61:161-

Schuknecht HF, Reisser C. The morphologic basis for perilymphatic gushers and oozers. Adv Otorhinolaryngol. 1988;39:1-12.

Couvreur Ph.; Baltazart B.; Lacher G.; Vincey P .Geyser lors de la chirurgie de l’otospongiose. Revue de laryngologie, d’otologie et de rhinologie. 2003, vol. 124, n° 1, pp. 31-37

Jackler RK, Hwang PH.Enlargement of the cochlear aqueduct: fact or fiction? Otolaryngol Head Neck Surg. 1993 Jul;109(1):14-25.

Pech A.; Goubert J.-L.; Zanaret M.; Collignon G.Les otoliquorrhées dans la chirurgie platinaire. Journal français d’oto-rhino-laryngologie. 1983, vol. 32, n° 7, pp. 439-446

Allen GW. Fluid follow the cochlear aqueduct and cochleahydrodynamic considerations in perilymph fistula, stapes gusher, and secondary endolymphatic hydrops. Am J Otol. 1987 Jul;8(4):319-22

Phelps PD, Reardon W, Pembrey M, Bellman S, et al.X-Linked deafness, stapes gushers and distinctive defect of the inner ear. Neuroradiology. 1991;33(4):326-30.

Cremers CW, Hombergen GC, Wentges RT.Perilymphatic gusher and stapes surgery. A predictable complication? Clin Otolaryngol Allied Sci. 1983 Aug;8(4):235-40.

Snik AF, Hombergen GC, Mylanus EA, Cremers CW.Air-bone gap in patients with the X-linked stapes gusher syndrome. Am J Otol. 1995 Mar;16(2):241-6

De Kok YJ, Van der Maarel SM, Bitner-Glindzicz M, Cremers FP, et al.Association between X-linked mixed deafness and mutations in the POU domain gene POU3F4. Science. 1995 Feb 3;267(5198):685-8.

Glasscock ME. The stapes gusher. Arch Otolaryngol. 1973 Aug;98(2):82-91

Völter C.; Baier G.; Schön F.; Helms J. Innenohrdepression nach Mittelohreingriffen. Laryngo-, Rhino-, Otologie 2000, vol. 79, no5, pp. 260-265

Downloads

Como Citar

Viana, M., Cruz, S., Azevedo, P., Duarte, D., & Rodrigues e Rodrigues, M. (2012). Gusher perilinfático: Complicação imprevisível de cirurgia estapédica. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 50(2), 153–158. https://doi.org/10.34631/sporl.93

Edição

Secção

Caso Clínico