Estudo comparativo retrospetivo entre o uso de micro-broca vs perfurador na fenestração da platina no tratamento cirúrgico da otosclerose

Autores

  • João Carvalho de Almeida Centro Hospitalar do Porto http://orcid.org/0000-0001-7727-8703
  • Ângela Reis Rego Centro Hospitalar do Porto
  • João Vale Lino Centro Hospitalar do Porto
  • José Gameiro dos Santos Centro Hospitalar do Porto
  • Cecília Almeida e Sousa Centro Hospitalar do Porto

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.731

Palavras-chave:

Otosclerose, Estapedotomia, Fenestração

Resumo

Objetivos: Caraterizar a população de doentes submetida a tratamento cirúrgico da otosclerose, no Serviço de ORL no Centro Hospitalar do Porto, e comparar retrospetivamente o uso de microbroca vs perfurador; Avaliar os resultados auditivos, a duração da cirurgia e a duração do internamento após a cirurgia, comparando o uso de micro-broca com o de perfurador para fenestração da platina do estribo.

Métodos: Foram analisados retrospetivamente todos os doentes submetidos a cirurgia estapédica, entre janeiro de 2016 e dezembro de 2017. Um total de 49 doentes, a que corresponderam 49 cirurgias, foram incluídos no estudo. Os doentes foram divididos em 2 grupos, consoante a técnica utilizada para fenestração da platina - microbroca ou perfurador.

Resultados: Os dois grupos eram homogéneos relativamente a s caraterísticas base dos doentes. Em relaçã o aos parâmetros intraoperatórios, o grupo de doentes em que foi utilizada a micro-broca para fenestração da platina apresentou uma diminuiçã o do tempo operatório de cerca de 11 minutos, ainda que não estatisticamente significativa (p > 0.05). Para além disso, foi encontrada uma diferença entre os dois grupos, no que diz respeito ao sucesso cirúrgico (encerramento do GAO para valores inferiores ou iguais a 10 dB) com uma maior taxa de sucesso associada ao uso de micro-broca (86,7% vs. 76,5%), ainda que, mais uma vez, esta diferença não se tenha revelado estatisticamente significativa (p > 0.05). 
No que respeita à variação da via óssea, de uma forma global, houve uma melhoria desta via com a cirurgia. No entanto, avaliando esta variação de forma independente para cada frequência, verificou-se que nos doentes em que foi utilizado a micro-broca para fenestração da platina houve um agravamento médio de 0,71 dB na via óssea na frequência de 4 kHz, comparativamente com os doentes em que foi utilizado o perfurador que tiveram uma melhoria média de 0,45 dB para a mesma frequência na via óssea, diferença esta não estatisticamente significativa.

Conclusões: Na população estudada, não houve diferenças estatisticamente significativas entre as duas técnicas de perfuração da platina ainda que o uso de micro-broca tenha estado associado a uma menor duração da cirurgia e a uma maior taxa de sucesso cirúrgico. No entanto, o uso de micro-broca parece estar associado a um agravamento da via óssea na frequência de 4 Khz, traduzindo provável trauma acústico, apesar de para além de não estatisticamente significativo, este agravamento ser incipiente e não clinicamente relevante.

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Publicado

20-03-2019

Como Citar

de Almeida, J. C., Rego, Ângela R., Lino, J. V., Gameiro dos Santos, J., & Almeida e Sousa, C. (2019). Estudo comparativo retrospetivo entre o uso de micro-broca vs perfurador na fenestração da platina no tratamento cirúrgico da otosclerose. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 56(3), 113–118. https://doi.org/10.34631/sporl.731

Edição

Secção

Artigo de Revisão