Tumores do espaço parafaríngeo: Experiência de 10 anos do IPO-LFG

Autores

  • Isabel Correia Interno Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar Lisboa Central - Hospital Dona Estefânia e Hospital São José
  • Margarida Boa-vida Interno Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Fernando da Fonseca
  • Inês Delgado Interno Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Fernando da Fonseca
  • Rui Cabral Interno Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz
  • Ana Hebe Assistente Hospitalar do Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
  • Rui Fino Assistente Hospitalar Graduado do Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
  • Pedro Montalvão Assistente Hospitalar Graduado do Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
  • Miguel Magalhães Diretor de Serviço do Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.291

Palavras-chave:

Tumores do espaço parafaríngeo, tumores da cabeça e pescoço

Resumo

Introdução: As neoplasias do espaço parafaríngeo são raras, representando apenas 0,5% dos tumores da cabeça e pescoço. A maioria são benignas, mas uma ampla variedade de patologias benignas e malignas podem ser encontradas neste espaço, o que cria desafios complexos de diagnóstico e tratamento.

Objetivo: Descrever e analisar uma série de casos de neoplasias primárias do espaço parafaríngeo tratadas no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPOLFG).

Material e métodos: Estudo retrospetivo, com recolha e análise dos dados dos processos clínicos de tumores primários do espaço parafaríngeo, que foram diagnosticados ou referenciados ao IPOLFG entre 1 de Janeiro de 2003 e 31 de Dezembro de 2013.

Resultados: Foram incluídos 38 doentes. A idade mediana foi de 52 anos (Âmbito Interquartil: 40-63 anos). Dez (26,3%) doentes eram assintomáticos. O sintoma mais comum à apresentação foi a sensação de corpo estranho orofaríngeo (23,7%) e o achado mais frequente foi um abaulamento orofaríngeo (78,4%). Todos os doentes fizeram exames de imagem pré-operatórios: 94,7% tomografia computorizada e 68,4% ressonância magnética. A citologia aspirativa foi realizada em 39,5%. 31 tumores eram benignos (81,6%), sendo os mais frequentes os adenomas pleomórficos (58,1%). 7 eram malignos (18,4%), com os carcinomas exadenomas pleomórficos (28,6%) e os linfomas (28,6%) sendo os mais comuns. 36 doentes (94,7%) foram submetidos a tratamento cirúrgico primário; os outros 2 doentes (5,3%) receberam tratamento não cirúrgico, com quimioterapia e quimioradioterapia, respectivamente. A abordagem cervical foi a mais utilizada (80%). A mandibulotomia foi necessária em apenas 5,7%. A complicação mais frequente foi a neuropatia de pares cranianos de novo, identificada em 22,2%. Destes, 75% foram sequela da resseção de tumores neurogénicos. Todas as neuropatias que resultaram da resseção de tumores não neurogénicos foram transitórias. O follow-up mediano foi de 6,5 anos. A taxa de recorrência foi de 13,5%.

Conclusões: Os tumores do espaço parafaríngeo requerem um elevado índice de suspeição para serem diagnosticados num estadio precoce. A resseção cirúrgica completa é o principal tratamento. A abordagem cirúrgica deve ser selecionada caso a caso, mas a cervical fornece um excelente acesso à maioria dos tumores deste espaço.

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Publicado

08-04-2016

Como Citar

Correia, I., Boa-vida, M., Delgado, I., Cabral, R., Hebe, A., Fino, R., Montalvão, P., & Magalhães, M. (2016). Tumores do espaço parafaríngeo: Experiência de 10 anos do IPO-LFG. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 54(1), 23–31. https://doi.org/10.34631/sporl.291

Edição

Secção

Artigo de Revisão