Abcessos retrofaríngeos e parafaríngeos em crianças. Estudo retrospectivo de 5 anos, do Hospital Pediátrico de Coimbra

Autores

  • Diana Cunha Ribeiro Interno ORL, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Felisberto Maricato Assistente hospitalar graduado ORL, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Carlos Ribeiro Chefe de Serviço ORL, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • António Diogo Paiva Director de Serviço ORL, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.62

Palavras-chave:

abcesso parafaríngeo, abcesso retrofaríngeo, criança, tratamento

Resumo

Introdução: Os abcessos retrofaríngeos e parafaríngeos são infecções raras e potencialmente fatais, particularmente na criança.

Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo dos doentes com o diagnóstico de abcesso retrofaríngeo e parafarínegeo, de Junho de 2007 a Junho de 2012, num hospital pediátrico terciário.

Procedeu-se à revisão de processos clínicos, com análise dos seguintes dados: idade, sexo, sintomas iniciais, duração dos sintomas, exame objectivo, avaliação laboratorial e imagiológica, tratamento, duração do internamento e complicações.

Resultados: Foram diagnosticados 5 abcessos parafaríngeos e 3 abcessos retrofaríngeos no período em estudo. A mediana de idade de apresentação foi de 5 ano. Houve uma predominância do sexo feminino (62,5%). Os sintomas mais comuns à apresentação clínica inicial, foram febre (62,8%), torcicolo (37,5%) e odinofagia (37,5%). A tomografia computarizada com contraste foi realizada em todos os doentes. Todos os doentes receberam tratamento médico. Três doentes (37,5%) foram submetidos a drenagem cirúrgica e 5 doentes (62,5%) receberam apenas tratamento médico. Não houve diferença significativa entre a duração do internamento naqueles que foram submetidos a cirurgia ou apenas tratamento conservador. Não houve complicações médicas ou cirúrgicas, nos dois grupos.

Conclusão: Muitos doentes com abcessos retrofaríngeos e parafaríngeos podem ser tratados com sucesso, mediante antibioterapia e corticoterapia, sem recorrer à cirurgia, ficando esta reservada para complicações, ou evolução clínica desfavorável. As tomografias computarizadas são importantes no diagnóstico e avaliação da extensão da infecção, mas nem sempre são 100% válidas no diagnóstico de abcesso.

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Como Citar

Ribeiro, D. C., Maricato, F., Ribeiro, C., & Paiva, A. D. (2013). Abcessos retrofaríngeos e parafaríngeos em crianças. Estudo retrospectivo de 5 anos, do Hospital Pediátrico de Coimbra. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 51(3), 161–165. https://doi.org/10.34631/sporl.62

Edição

Secção

Artigo Original