Reabilitação auditiva com implante de condução óssea em doente com discinésia ciliar primária – uma indicação particular

Autores

  • Davide Lourenço Marques Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8895-1860
  • Ricardo Caiado Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal
  • Sofia Paiva Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal
  • João Elói Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal
  • António Miguéis Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal
  • Jorge Miguéis Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.2087

Palavras-chave:

discinésia ciliar primária, implante de condução óssea, surdez mista, surdez de transmissão

Resumo

A discinésia ciliar primária (DCP) é uma doença genética rara caracterizada por uma anormalidade da função ou da estrutura dos cílios, cursando com manifestações pulmonares, otológicas e nasossinusais. A hipoacusia afeta 60% dos pacientes com DCP e resulta sobretudo de otite média com efusão (OME) e de complicações otológicas, como otite média crónica (OMC) simples ou colesteatomatosa.
Caso clínico: Doente do sexo feminino, 52 anos, portadora de DCP, seguida na consulta de Otorrinolaringologia por OMC bilateral e rinossinusite crónica. Tem como antecedentes cirúrgicos, cirurgia endoscópica nasossinusal e repetidas miringotomias com colocação de tubos de ventilação transtimpânicos (TVTT), bilateralmente. Apesar da colocação de TVTT, o audiograma tonal simples revelava uma surdez mista severa crónica bilateralmente, com limiares ósseos médios de 36,25 dB à direita e de 30 dB à esquerda. A tomografia computorizada dos ouvidos excluiu erosão ou descontinuidade das cadeias ossiculares, presença de colesteatoma e patologia do ouvido interno. A doente foi submetida a cirurgia para colocação de implante de condução óssea no ouvido direito. Após 4 semanas da cirurgia, foi feita a ativação do processador. O audiograma tonal simples, em campo livre, revelou um limiar aéreo médio de 26,25dB.
Conclusão: Nos doentes com DCP, a inserção de TVTT é ainda um tratamento controverso da OME. A otorreia pós-operatória persistente é um efeito colateral frequente, podendo complicar o uso e tolerância dos aparelhos auditivos. Por este motivo deverão ser considerados os implantes de condução óssea na reabilitação auditiva, apresentando excelentes resultados.

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Publicado

24-03-2024

Como Citar

Lourenço Marques, D., Caiado, R., Paiva, S., Elói, J., Miguéis, A., & Miguéis, J. (2024). Reabilitação auditiva com implante de condução óssea em doente com discinésia ciliar primária – uma indicação particular. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 62(1), 95–101. https://doi.org/10.34631/sporl.2087

Edição

Secção

Caso Clínico