Será a eosinofilia sanguínea um bom preditor de gravidade na RSC?

Autores

  • José Ferreira Penêda Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho https://orcid.org/0000-0001-8094-7728
  • Bruno Félix Domingues Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Isabel Gomes Pinto Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Joana Vilela Silva Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Nuno Barros Lima Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Artur Condé Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.775

Palavras-chave:

rinossinusite, polipose nasal, eosinofilia, alergia

Resumo

Introdução: A rinossinusite crónica (RSC) é um diagnóstico crescente na população ocidental. A cirurgia endoscópica nasossinusal (CENS) é realizada nas formas de doença não controladas com terapêutica médica. Apesar da alta frequência desta patologia e cirurgia, estudos sobre o controlo pós-operatório da doença são raros e escasseiam modelos preditivos baseados em dados clínicos. O interesse sobre o papel da eosinofilia sanguínea como marcador de severidade da doença foi demonstrado recentemente em diferentes populações.

Objetivos: os autores investigaram a correlação entre a eosinofilia, gravidade e controlo pós-operatório da RSC

Materiais e métodos: foi realizada uma análise retrospetiva com doentes submetidos a CENS no período compreendido entre 1 de janeiro de 2015 e 31 de outubro de 2017. Dados demográficos, analíticos e imagiológicos foram recolhidos e analisados com recurso ao software estatístico IBM SPSS Statistics 25®.

Resultados: 184 doentes submetidos a CENS foram incluídos; excluíram-se aqueles não associados a RSC – mucocelos, neoplasias, RS fúngicas, correção de fístulas oro-antrais, dacriocistorrinostomias, laqueações da artéria esfenopalatina – bem como os doentes com co-morbilidades que predispunham a RSC (discinésia ciliar, fibrose cística). 108 doentes foram considerados elegíveis para este estudo. 60% da população é do sexo masculino. Os autores investigaram a associação do valor de eosinofilia sanguínea com o forma de RSC (com ou sem pólipos), o controlo da doença pós-operatoriamente, a sintomatologia reportada pelo doente, a extensão cirúrgica, a existência de rinite ou asma, hábitos tabágicos e a prevalência de eosinófilos tecidulares.

Conclusão: A eosinofilia sanguínea pode ser um marcador de gravidade em algumas formas de rinossinusite crónica. A subdivisão da RSC em clusters de acordo com o seu padrão inflamatório poderá identificar quais os melhores marcadores de gravidade em cada subtipo de RSC.

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Publicado

04-06-2020

Como Citar

Penêda, J. F., Félix Domingues, B., Gomes Pinto, I., Vilela Silva, J., Barros Lima, N., & Condé, A. (2020). Será a eosinofilia sanguínea um bom preditor de gravidade na RSC?. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 57(4), 145–152. https://doi.org/10.34631/sporl.775

Edição

Secção

Artigo Original