Infeções Cervicais Profundas – Análise de Fatores Preditivos de Complicações

Autores

  • Filipa Camacho Côrte Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de São João EPE, Porto, Portugal Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal http://orcid.org/0000-0002-4683-4380
  • Carla Pinto Moura Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de São João EPE, Porto, Portugal Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Hugo Guimarães Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar do Médio Ave EPE, Famalicão, Portugal; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Milton Severo Departamento de Epidemiologia Clinica, Medicina Preditiva e Saúde Pública; Departamento de Educação e Simulação Médica; Epi-unit - Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Margarida Santos Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de São João EPE, Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.367

Palavras-chave:

Infeções cervicais profundas, microbiologia, tomografia computorizada, tratamento, complicações.

Resumo

Introdução: As infeções cervicais profundas propagam-se ao longo dos planos fasciais cervicais, ocupando os espaços delimitados por eles. Apesar da redução na incidência e mortalidade destas infeções, estas continuam a representar um desafio pela anatomia complexa e complicações potencialmente fatais.

Objetivo: Rever a experiência do nosso serviço, entre 2009 e 2014, relativamente às infeções cervicais profundas e compará-la com a de anos prévios. Identificar fatores preditivos de complicações

Material e métodos: Efetuou-se um estudo retrospetivo, com análise dos processos clínicos de doentes adultos internados no Serviço de Otorrinolaringologia, entre 2009 e 2014, com diagnóstico de infeção cervical profunda. Comparou-se os resultados com os de um estudo prévio semelhante (1998-2008). Aplicou-se a regressão de Cox com o objetivo de identificar fatores prognósticos de complicações.

Resultados: Analisou-se 223 processos de doentes com idades entre os 18 e os 89 anos. Verificou-se um aumento da média de internamentos por ano de 58.3%. A percentagem de mortes por complicações associadas foi de 1.3%, representando uma diminuição da mortalidade para metade. Os fatores preditivos de complicação encontrados foram: idade avançada, etiologia odontogénica, abcessos múltiplos, presença de dispneia e tumefação cervical.

Conclusões: As infeções cervicais profundas são entidades clínicas potencialmente fatais. A redução da mortalidade pode estar relacionada com a evolução das técnicas de diagnóstico, utilização de um protocolo antibiótico de mais largo espectro e com a realização de tratamento cirúrgico precoce.

Biografia Autor

Filipa Camacho Côrte, Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de São João EPE, Porto, Portugal Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Médica em formação específica de Otorrinolaringologia no Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de São João

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Publicado

12-05-2018

Como Citar

Camacho Côrte, F., Pinto Moura, C., Guimarães, H., Severo, M., & Santos, M. (2018). Infeções Cervicais Profundas – Análise de Fatores Preditivos de Complicações. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 55(2), 99–108. https://doi.org/10.34631/sporl.367

Edição

Secção

Artigo de Revisão