FÍSTULAS DE LÍQUOR NASOSINUSAIS: CASUÍSTICA DOS ÚLTIMOS 15 ANOS

Autores

  • Vitor Manuel Oliveira Hospital Egas Moniz
  • Joao Pimentel Hospital Egas Moniz
  • Deodato Silva Hospital Egas Moniz
  • Pedro Escada

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.316

Palavras-chave:

fístula de líquor nasosinusal, rinorráquia, cirurgia endoscópica nasosinusal

Resumo

Objectivos: Revisão da casuística de fístulas de líquido cefalorraquidiano (LCR) nasosinusais e avaliação da experiência e tratamento endonasal endoscópico destes defeitos da base do crânio.

Métodos: Foram recolhidas de forma retrospectiva informações dos doentes referenciados à consulta e urgência do departamento de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, com sintomas e/ou sinais de fístula de LCR nasosinusais; doentes intervencionados com diagnóstico de fístula de LCR; e doentes submetidos a outros procedimentos de cirurgia endoscópica nasosinusal com intercorrência de fístula de LCR. O período de inclusão correspondeu ao período desde 1 de Janeiro de 2000 a 31 de Janeiro de 2015.

Resultados: 17 doentes com diagnóstico de fístula de LCR foram tratados por cirurgia endonasal endoscópica. A idade média foi de 54 anos (intervalo, 3-78 anos). A amostra incluiu 7 homens (41%) e 10 mulheres (59%). O seguimento médio foi de 13 meses (intervalo, 2-58 meses). Entre os sintomas de apresentação predominou a rinorráquia em 13 doentes (76%), seguido de cefaleia em 6 doentes (35%) e fotofobia em 1 doente (6%). Foram identificadas fístulas espontâneas em 7 doentes (41%); de causa iatrogénica em 5 doentes (29%); traumática em 3 doentes (18%); e de causa tumoral em 2 doentes (12%). As fístulas foram identificadas ao nível da fóvea etmoidal anterior/ lâmina lateral em 5 casos (29%); lâmina cribriforme em 4 casos (24%); fóvea etmoidal posterior em 3 casos (18%); esfenóide em 2 casos (12%); buraco cego em 1 caso (6%); clívus em 1 caso (6%); e no diafragma da cisterna supraselar em 1 caso (6%). Foi utilizada injecção intratecal de fluoresceína diluída em 5 doentes (29%) sem menção de complicações decorrentes da técnica. Foi utilizada drenagem lombar (DL) no pós-operatório em 11 doentes (65%) com média de permanência de 5 dias (intervalo, 4-10 dias). Identificou-se recidiva de rinorráquia em 3 doentes (18%) o que traduz uma taxa de sucesso após a primeira tentativa de reconstrução defeito de 82% (n=14). Dos 3 doentes com necessidade de 2 ou mais procedimentos, um teve como apresentação inicial uma efração da base do crânio resultante de traumatismo com arma de fogo; outro teve como causa de fístula de LCR a presença de osteoradionecrose da base do crânio como complicação de radiocirurgia para tratamento de recidiva local de carcinoma da nasofaringe; e um outro, recidivou após tentativa de reconstrução endoscópica por fístula espontânea.

Conclusões: As vantagens da cirurgia endoscópica nasosinusal permitiram a sua aplicação como técnica de eleição na resolução de fístulas de LCR nasosinusais. O sucesso na reconstrução de defeitos da base do crânio resulta da correcta identificação do local da fístula e preparação do local do defeito ósseo, bem como, do conhecimento das técnicas de reconstrução e da sua aplicação judiciosa na planificação do procedimento de plastia do defeito da base do crânio.

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Publicado

07-02-2016

Como Citar

Oliveira, V. M., Pimentel, J., Silva, D., & Escada, P. (2016). FÍSTULAS DE LÍQUOR NASOSINUSAIS: CASUÍSTICA DOS ÚLTIMOS 15 ANOS. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 53(3). https://doi.org/10.34631/sporl.316

Edição

Secção

Artigo Original