Ossiculoplastia autóloga na cirurgia do colesteatoma: Opção correcta nos dias de hoje?

Autores

  • João Pimentel Interno de Formação Específica em Otorrinolaringologia - Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Antonio Galzerano Interno de Formação Específica em Anatomia Patológica - Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Martinha Chorão Especialista de Anatomia Patológica; Assistente graduada - Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Jorge Domingues Especialista de Otorrinolaringologia; Chefe de Serviço - Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Madeira da Silva Especialista de Otorrinolaringologia; Director de Serviço - Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.458

Palavras-chave:

Cirurgia do colesteatoma, ossículos, autoenxertos, ossiculoplastia, timpanoplastia, complicações pos operatórias, recorrência

Resumo

Introdução: Desde a primeira ossiculoplastia autóloga, em 1957 com Hall e Rytzner, que os remanescentes ossiculares se tornaram uma opção nas timpanoplastias com reconstrução da cadeia ossicular pela sua biocompatibilidade, disponibilidade e baixo custo. No entanto, o seu uso em doentes com otite media crónica colesteatomatosa decaiu pelo receio dos ossiculos conterem no seu interior colesteatoma residual. Os autores investigam se ossiculos removidos em cirurgia de colesteatoma apresentam alterações histopatológicas que possam levar à recidiva da doença quando utilizados no tempo timpanoplastico. 

Material e Métodos: Durante os anos de 2010 e 2011 foram removidos os ossículos (cabeça de martelo e bigorna) de doentes seleccionados operados a otite media crónica colesteatomatosa no Hospital de Egas Moniz. Vinte e um ossículos removidos de 13 doentes foram fixados em formol tamponado a 10% durante 16 horas e descalcificados durante 48 horas, processados e submetidos a cortes de 3 micras de espessura. Os cortes foram observados ao microscópio óptico e documentadas as alterações histopatológicas. 

As tomografias computorizadas desses doentes foram analisadas retrospectivamente para correlação entre os achados histopatológicos e imagiológicos. 

Resultados: Dos 13 doentes, 4 (31%) apresentavam sinais compatíveis com periosteíte, outros 4 alterações remodelativas do ossículo, e 1 doente apresentava micro-invasão de colesteatoma. Para além disso, na maioria dos doentes observaram-se microerosões nos ossículos com criação de nichos de colesteatoma apesar deste não invadir propriamente a matriz óssea. Não foi possível estabelecer qualquer relação entre os achados histopatológicos e o grau de erosão ossicular e/ou o tamanho do colesteatoma. 

Conclusões: Tendo em conta que 38,4% dos doentes apresentava ossículos com alterações histopatológicas (microinvasão de colesteatoma e/ou periosteíte) passíveis de comprometer o sucesso cirurgico, os autores não apoiam o uso dos remanescentes ossiculares nas timpanoplastias da cirurgia da otite média crónica colesteatomatosa. 

 

Referências

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Como Citar

Pimentel, J., Galzerano, A., Chorão, M., Domingues, J., & da Silva, M. (2014). Ossiculoplastia autóloga na cirurgia do colesteatoma: Opção correcta nos dias de hoje?. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 52(2), 73–76. https://doi.org/10.34631/sporl.458

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Artigo Original