Convalescença após amigdalectomia: Estudo comparativo entre dissecção clássica e com bisturi harmónico (Ultracision)

Autores

  • Joana Guimarães Interna de Formação Específica do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal
  • Sérgio Vilarinho Assistente Hospitalar do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal
  • Nuno Marçal Interno de Formação Específica do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal
  • Filipa Moreira Interna de Formação Específica do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal
  • Daniel Miranda Interno de Formação Específica do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal
  • Rui Pratas Director do Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Braga, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.49

Palavras-chave:

amigdalectomia, técnica cirúrgica, morbilidade pós-operatória

Resumo

Introdução: Na população pediátrica a amigdalectomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes. O facto de existirem diversas técnicas cirúrgicas e de poderem estar associadas a diferente morbilidade, continua a gerar discussão acerca de qual escolher. Nesse sentido, o objectivo deste trabalho é comparar a morbilidade pós-operatória de 2 técnicas de amigdalectomia: dissecção clássica e dissecção com bisturi harmónico.

Material e métodos: Estudo retrospectivo. Foram alternadamente seleccionados doentes submetidos a amigdalectomia por dissecção clássica e com bisturi harmónico, no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Braga, Portugal, entre Julho e Dezembro de 2011, num total de 40 doentes em cada grupo. Dados relativos à duração do internamento, complicações no pós-operatório imediato, data de introdução da dieta habitual e recurso ao serviço de urgência até ao 15º dia pós-operatório foram recolhidos e comparados.

Resultados: 80 crianças, entre os 3 e os 14 anos, idade média de 6 anos, 56% do sexo feminino. Foram submetidas a adenoamigdalectomia 73 crianças e a amigdalectomia 7 crianças. Não se verificaram complicações durante o internamento e todos os doentes tiveram alta no dia seguinte ao da cirurgia. Um número significativamente maior de doentes submetidos a amigdalectomia com bisturi harmónico (12/40 vs 1/40) recorreu ao serviço de urgência nos dias seguintes à cirurgia, por odinofagia ou hemorragia (p <0.05). O número de dias após cirurgia, em média, em que foi introduzida dieta habitual, foi também significativamente maior no grupo submetido a amigdalectomia com bisturi harmónico (7 dias vs 4 dias) (p <0.05).

Conclusões: O uso do bisturi harmónico na amigdalectomia mostrou neste estudo estar associado a maior morbilidade pós-operatória, verificando-se maior recurso ao serviço de urgência e maior demora na introdução de dieta habitual. Estes factores devem ser tidos em conta na indicação da técnica cirúrgica de amigdalectomia, principalmente na população pediátrica.

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Como Citar

Guimarães, J., Vilarinho, S., Marçal, N., Moreira, F., Miranda, D., & Pratas, R. (2013). Convalescença após amigdalectomia: Estudo comparativo entre dissecção clássica e com bisturi harmónico (Ultracision). Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 51(4), 243–247. https://doi.org/10.34631/sporl.49

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Artigo Original