Retalho fasciocutâneo antebraquial para reconstrução de defeitos cirúrgicos da cabeça e pescoço - Experiência clínica (2007 a 2010)
DOI:
https://doi.org/10.34631/sporl.59Palavras-chave:
retalho microvasculares, retalho fasciocutaneo antebraquial, oncologia da cabeça e pescoço, técnicas de reconstruçãoResumo
Introdução: Os autores apresentam a sua experiência clínica na utilização do retalho fasciocutâneo antebraquial para reconstrução de defeitos cirúrgicos da cabeça e pescoço.
Material e Métodos: Foi efectuada uma revisão dos doentes submetidos a reconstrução de defeitos cirúrgicos da cabeça e pescoço através de retalho microvascularizado antebraquial por meio de anastomoses vasculares, nos últimos 3 anos. Foi feita a caracterização clínica dos doentes, incluindo idade, género, patologia inicial, local de reconstrução, complicações e resultado final.
Resultados: Foram estudados 10 doentes, entre os 35 e os 67 anos, 2 do sexo feminino e 8 do sexo masculino, com patologia oncológica da cabeça e pescoço em diferentes estadios: 1 carcinoma pavimentocelular da região submentoniana; 2 carcinomas pavimentocelulares do pavimento oral; 1 carcinoma mucoepidermoide da parótida; 1 carcinoma mucoepidermoide da glândula sublingual; 2 carcinomas pavimentocelulares do trígono retromolar; 1 carcinoma pavimentocelular do pilar anterior e amígdala; 2 carcinomas pavimentocelulares do bordo lingual. A reconstrução após a exérese tumoral foi realizada com retalho microvascularizado fasciocutâneo antebraquial. O resultado final é bom no que concerne à conservação da mobilidade língua, nas reconstruções do pavimento oral; no revestimento sem acréscimo de volume ou tensão para reconstrução da faríngea e satisfatório em termos estéticos nas reconstruções de defeitos cutâneos da face. Obtivemos 20% de insucessos em consequência de necrose do retalho por infecção relacionada a osteoradionecrose e por inviabilidade do retalho intraoperatóriamente prévia à sua aplicação por inviabilização do pedículo vascular dador. Em termos de complicações do local dador observou-se um caso de hematoma sob o retalho livre de pele sem consequências a longo prazo e dois casos de diminuição da força do antebraço embora sem limitação das actividades de vida diária.
Conclusão: O retalho microvascularizado antebraquial é um retalho versátil e óptimo para a reconstrução de defeitos da cabeça e pescoço por ser constituído por um tecido maleável, de espessura reduzida, ideal para manter a livre mobilidade dos tecidos e onde não seja necessário a obtenção de volume. O sucesso desta técnica reside nas condições gerais do doente, das condições locais de aplicação, da experiência da equipe cirúrgica, sendo igualmente necessário o apoio de uma unidade diferenciada de cuidados pós cirúrgicos onde todos os parâmetros clínicos possam ser optimizados tendo em vista a estabilidade do doente e a viabilidade do retalho. Garantindo estas condições estes procedimentos têm taxas elevadas de sucesso com morbilidade reduzida.
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