Preservação da função no tratamento de tumores da laringe: resultados de laringectomia supraglótica

Autores

  • Pedro Cavilhas Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Lisboa, Portugal
  • Alexandra Jerónimo Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa, Portugal
  • Ricardo Pacheco Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Hugo Estibeiro Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Rui Fino Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Luís Oliveira Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Lígia Ferreira Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Pedro Montalvão Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal
  • Miguel Magalhães Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.133

Palavras-chave:

laringectomia horizontal supraglótica, laringectomia parcial, laringectomia supraglótica, laringectomia

Resumo

Objectivos: A laringectomia horizontal supraglótica (LHS) é uma técnica cirúrgica oncológica que permite a preservação das funções laríngeas da fala e da deglutição com protecção da via aérea baixa, mas com capacidade de exérese tumoral adequada. É objectivo deste trabalho estudar uma série de doentes a quem foi realizada LHS.

Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo das LHS realizadas no Serviço de Otorrinolaringologia do IPOLFG entre 2000 e 2010.

Resultados: Realizaram-se 32 LHS das quais 15 (46,9%) foram alargadas (à base da língua ou faringe e/ou 1 aritenóide), sendo as outras 17 (53,1%) não alargadas. Observaram-se 2 recidivas locais, 3 segundos tumores primários e 4 doentes com metástases à distância. Dez doentes (31,3%) permaneciam com SNG ou PEG para alimentação no final do estudo. Verificou-se a existência de associação estatisticamente significativa: (1) entre a divergência do estadiamento cT e pT e a necessidade de cirurgia alargada, (2) entre a realização de cirurgia alargada e a permanência de SNG (ou PEG) por mais de 90 dias e (3) entre a divergência do estadiamento cT e pT e a classificação no grupo que inclui pT3 e pT4a. A taxa de sobrevida estimada foi de 89,7% aos 12 meses e 67,6% aos 60 meses.

Conclusões: Este trabalho revela que a LHS é uma técnica cirúrgica adequada para o tratamento de tumores supraglóticos, com taxas de sobrevida semelhantes a outras séries e com preservação das função laríngeas numa percentagem considerável dos doentes.

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Como Citar

Cavilhas, P., Jerónimo, A., Pacheco, R., Estibeiro, H., Fino, R., Oliveira, L., Ferreira, L., Montalvão, P., & Magalhães, M. (2012). Preservação da função no tratamento de tumores da laringe: resultados de laringectomia supraglótica. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 50(1), 39–46. https://doi.org/10.34631/sporl.133

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Artigo Original