Cirurgia estapédica na otosclerose: análise de resultados e fatores de prognóstico

Autores

  • Diogo Valente Dias Serviço de Otorrinolaringologia da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, Portugal; Centro Académico Clínico Egas Moniz, Portugal https://orcid.org/0000-0003-0687-9274
  • Miguel Padrão Serviço de Otorrinolaringologia da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, Portugal; Centro Académico Clínico Egas Moniz, Portugal
  • Margarida Bulha Serviço de Otorrinolaringologia da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, Portugal; Centro Académico Clínico Egas Moniz, Portugal
  • José Romão Serviço de Otorrinolaringologia da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, Portugal; Centro Académico Clínico Egas Moniz, Portugal
  • Luísa Azevedo Serviço de Otorrinolaringologia da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, Portugal; Centro Académico Clínico Egas Moniz, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.2202

Palavras-chave:

Otosclerose, estapedotomia, estapedectomia, Cirurgia estapédica

Resumo

A otosclerose é um distúrbio localizado do metabolismo ósseo, que ocorre na cápsula ótica. É responsável pelo desenvolvimento de surdez de condução e neurossensorial, sendo a cirurgia estapédica considerada a intervenção terapêutica goldstandard.

O objectivo do presente estudo foi avaliar os resultados da cirurgia estapédica, procurando identificar fatores de prognóstico.

Foi desenhado e conduzido um estudo descritivo, transversal e retrospetivo de uma coorte de doentes com diagnóstico de otosclerose (N=98).

Foram analisadas as seguintes variáveis: idade à data da cirurgia, sexo, bilateralidade da doença, presença de entalhe de Carhart, material protésico utilizado, presença de variantes anatómicas e complicações intra-operatórias, resultados audiométricos e sucesso funcional.

A taxa global de sucesso funcional (definido como um GAP médio entre via aérea e via óssea < 15 dBHL) foi de 89,80% (n = 88). 

Em termos audiométricos, os limiares de via aérea (PTA 500, 1000, 2000 e 4000 Hz) passaram de 55,14 ± 1,42 para 32,00 ± 2,01 dBHL (p < 0,001, t-student amostras emparelhadas) e os limiares de via óssea (PTA 500, 1000, 2000 e 4000 Hz) passaram de 25,98 ± 1,07 para 24,09 ± 1,33 (p = 0,270, t-student amostras emparelhadas) dBHL, entre os valores pré e pós-operatórios.

O GAP via aérea/via óssea diminuiu de 29,16 ± 0,79 para 7,91 ± 0,88 dBHL (p < 0,001 t-student amostras emparelhadas) entre o período pré e pós-operatório.

No nosso estudo a única variável que influenciou significativamente o principal resultado (sucesso funcional) foi a presença de variantes anatómicas e/ou complicações intra-operatórias, correlacionando-se negativamente com o sucesso funcional.

A estapedotomia/estapedectomia é um procedimento eficaz, com elevadas taxas de sucesso funcional. A presença de alterações anatómicas e/ou complicações intra-operatórias é um factor preditor de menor ganho audiométrico e menos sucesso cirúrgico

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Schuknecht HF, Barber W. Histologic variants in otosclerosis. Laryngoscope. 1985 Nov;95(11):1307-17. doi: 10.1288/00005537-198511000-00003.

Gordon MA. The genetics of otosclerosis: a review. Am J Otol. 1989 Nov;10(6):426-38. doi: 10.1097/00129492-198911000-00003.

Crompton M, Cadge BA, Ziff JL, Mowat AJ, Nash R, Lavy JA. et al. The epidemiology of otosclerosis in a British cohort. Otol Neurotol. 2019 Jan;40(1):22-30. doi: 10.1097/MAO.0000000000002047.

Topsakal V, Fransen E, Schmerber S, Declau F, Yung M, Gordts F. et al. Audiometric analyses confirm a cochlear component, disproportional to age, in stapedial otosclerosis. Otol Neurotol. 2006 Sep;27(6):781-7. doi: 10.1097/01.mao.0000231500.46534.79.

Häusler R. General history of stapedectomy. Adv Otorhinolaryngol. 2007:65:1-5. doi: 10.1159/000098661.

Chole RA, McKenna M. Pathophysiology of otosclerosis. Otol Neurotol. 2001 Mar;22(2):249-57. doi: 10.1097/00129492-200103000-00023.

Cheng HCS, Agrawal SK, Parnes LS. Stapedectomy versus stapedotomy. Otolaryngol Clin North Am. 2018 Apr;51(2):375-392. doi: 10.1016/j.otc.2017.11.008.

Batson L, Rizzolo D. Otosclerosis: an update on diagnosis and treatment. JAAPA. 2017 Feb;30(2):17-22. doi: 10.1097/01.JAA.0000511784.21936.1b.

Lamblin E, Karkas A, Jund J, Schmerber S. Is the Carhart notch a predictive factor of hearing results after stapedectomy?. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2021 Feb;41(1):84-90. doi: 10.14639/0392-100X-N0213.

Hancı D, Sözen T. Kayahan B, Saraç S. Stapes surgery outcomes: the practice of 35 years. Turk Arch Otolaryngol 2014; 52: 115-20. DOI:10.5152/tao.2014.516

de Bruijn AJ, Tange RA, Dreschler WA Efficacy of evaluation of audiometric results after stapes surgery in otosclerosis. I. The effects of using different audiologic parameters and criteria on success rates. Otolaryngol Head Neck Surg. 2001 Jan;124(1):76-83. doi: 10.1067/mhn.2001.111601.

Ayache D, Sleiman J, Plouin-Gaudon I, Klap P, Elbaz P. Obliterative otosclerosis. J Laryngol Otol. 1999 Jun;113(6):512-4. doi: 10.1017/s0022215100144378.

Daniels RL, Krieger LW, Lippy WH. The other ear: findings and results in 1,800 bilateral stapedectomies. Otol Neurotol. 2001 Sep;22(5):603-7. doi: 10.1097/00129492-200109000-00007.

Baxter A. Dehiscence of the Fallopian canal. An anatomical study. J Laryngol Otol. 1971 Jun;85(6):587-94. doi: 10.1017/s0022215100073849.

Vincent R, Sperling NM, Oates J, Jindal M. Surgical findings and long-term hearing results in 3,050 stapedotomies for primary otosclerosis: a prospective study with the otology-neurotology database. Otol Neurotol. 2006 Dec;27(8 Suppl 2):S25-47. doi: 10.1097/01.mao.0000235311.80066.df.

Cheng HCS, Agrawal SK, Parnes LS. Stapedectomy versus stapedotomy. Otolaryngol Clin North Am. 2018 Apr;51(2):375-392. doi: 10.1016/j.otc.2017.11.008.

Laske RD, Röösli C, Chatzimichalis MV, Sim JH, Huber AM. The influence of prosthesis diameter in stapes surgery: a meta-analysis and systematic review of the literature. Otol Neurotol. 2011 Jun;32(4):520-8. doi: 10.1097/MAO.0b013e318216795b.

Wiatr A, Składzień J, Strek P, Wiatr M. Carhart Notch - A prognostic factor in surgery for otosclerosis. Ear Nose Throat J. 2021 May;100(4):NP193-NP197. doi: 10.1177/0145561319864571.

Tondorf J. A new concept of bone conduction. Arch Otolaryngol. 1968 Jun;87(6):595-600. doi: 10.1001/archotol.1968.00760060597008.

Wiatr A, Składzień J, Strek P, Wiatr M. Carhart Notch - A prognostic factor in surgery for otosclerosis. Ear Nose Throat J. 2021 May;100(4):NP193-NP197. doi: 10.1177/0145561319864571.

Publicado

02-03-2025

Como Citar

Valente Dias, D., Padrão, M., Bulha, M., Romão, J., & Azevedo, L. (2025). Cirurgia estapédica na otosclerose: análise de resultados e fatores de prognóstico. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 63(1), 475–481. https://doi.org/10.34631/sporl.2202

Edição

Secção

Artigo Original