O impacto do consumo de cannabis em ORL
DOI:
https://doi.org/10.34631/sporl.987Palavras-chave:
cannabis, efeitos adversos, via aérea superior, OtorrinolaringologiaResumo
Introdução: O consumo de cannabis tem aumentado substancialmente nas últimas décadas, principalmente nos países desenvolvidos, onde a descriminalização do seu consumo e a sua legalização têm contribuído para o crescente aumento do número de consumidores de cannabis a nível mundial. Os benefícios medicinais do cannabis têm sido um dos motores primários para a sua legalização, porém, os seus efeitos deletérios não podem nem devem ser ignorados. Tendo em conta que a via mais comum de administração é por inalação, é de extrema relevância tentar perceber qual é o possível impacto do consumo de cannabis em Otorrinolaringologia.
Métodos: Revisão da literatura, com recurso ao PubMed, de artigos de revisão, meta-análise e opinião, em inglês, publicados em várias revistas científicas nos últimos 10 anos e dados oficiais disponibilizados no site da World Health Organization.
Discussão: É evidente que o uso de cannabis em Medicina tem as suas vantagens terapêuticas, mas é necessário estar ciente dos riscos associados ao seu consumo. Os problemas mais comuns associados à inalação de cannabis são rinossinusite crónica, acufenos, alterações das cordas vocais e cancros da cabeça e do pescoço.
Conclusão: É expectável um aumento do número de consumidores de cannabis num futuro próximo, e com a predominância do consumo por inalação, também é expectável um aumento da incidência dos problemas relacionados com as vias respiratórias superiores. Desta forma é necessário incentivar mais investigações sobre o tema de forma a conseguirmos retirar conclusões mais concretas.
Referências
Pain S. A potted history. Nature [Internet] 2015 Sep 24 [cited 2020 Mar 25]; 525(7570):S10-1 Available from: https://www.nature.com/articles/525S10a.
Schilling S, Melzer R, McCabe PF. Cannabis sativa. Curr Biol. 2020 Jan 6;30(1):R8-R9. doi: 10.1016/j.cub.2019.10.039.
Bonini SA, Premoli M, Tambaro S, Kumar A, Maccarinelli G, Memo M. et al. Cannabis sativa: A comprehensive ethnopharmacological review of a medicinal plant with a long history. J Ethnopharmacol. 2018 Dec 5;227:300-315. doi: 10.1016/j.jep.2018.09.004.
WHO | Alcohol, Drugs and Addictive Behaviours Unit: Cannabis [Internet]. [cited 2020 Mar 25]. Available from: https://www.who.int/substance_abuse/facts/cannabis/en/
ElSohly MA, Radwan MM, Gul W, Chandra S, Galal A. Phytochemistry of Cannabis sativa L. In: Kinghorn AD, Falk H, Gibbons S, Kobayashi J, editors. Phytocannabinoids [Internet]. Switzerland: Springer Nature; 2017 [cited 2020 Mar 25]. p. 1–36. (Progress in the Chemistry of Organic Natural Products; vol. 103). Available from: http://link.springer.com/10.1007/978-3-319-45541-9_1
Owens B. Drug development: the treasure chest. Nature. 2015 Sep 24;525(7570):S6-8. doi: 10.1038/525S6a.
Gould J. Cannabis: 4 big questions. Nature. 2015 Sep 24;525(7570):S18. doi: 10.1038/525S18a.
Qian ZJ, Alyono JC. An association between marijuana use and tinnitus. Am J Otolaryngol. Jan-Feb 2020;41(1):102314. doi: 10.1016/j.amjoto.2019.102314.
Valentino WL, McKinnon BJ. What is the evidence for cannabis use in otolaryngology?: A narrative review. Am J Otolaryngol. Sep-Oct 2019;40(5):770-775. doi: 10.1016/j.amjoto.2019.05.025.
Volkow ND, Baler RD, Compton WM, Weiss SRB. Adverse Health Effects of Marijuana Use. N Engl J Med. 2014 Jun 5;370(23):2219-27. doi: 10.1056/NEJMra1402309.
Russell C, Rueda S, Room R, Tyndall M, Fischer B. Routes of administration for cannabis use – basic prevalence and related health outcomes: A scoping review and synthesis. Int J Drug Policy. 2018 Feb;52:87-96. doi: 10.1016/j.drugpo.2017.11.008.
Goodman S, Wadsworth E, Leos-Toro C, Hammond D, International Cannabis Policy Study team. Prevalence and forms of cannabis use in legal vs. illegal recreational cannabis markets. Int J Drug Policy. 2020 Feb;76:102658. doi: 10.1016/j.drugpo.2019.102658.
Rotermann M. What has changed since cannabis was legalized? Health Rep. 2020 Feb 19;31(2):11-20. doi: 10.25318/82-003-x202000200002-eng.
Meehan-Atrash J, Korzun T, Ziegler A. Cannabis Inhalation and Voice Disorders: A Systematic Review. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2019 Oct 1;145(10):956-964. doi: 10.1001/jamaoto.2019.1986.
Berthiller J, Lee YC, Boffetta P, Wei Q, Sturgis EM, Greenland S. et al. Marijuana Smoking and the Risk of Head and Neck Cancer: Pooled Analysis in the INHANCE Consortium. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2009 May;18(5):1544-51. doi: 10.1158/1055-9965.EPI-08-0845.
Elwany S, Shewel Y, Bazak R, Talaat I, Elwany M. Quitting smoking reverses nasal mucosal changes. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2020 Jun;277(6):1691-1698. doi: 10.1007/s00405-020-05896-x.
Awad OGA. Impact of habitual marijuana and tobacco smoke on severity of chronic rhinosinusitis. Am J Otolaryngol. Jul-Aug 2019;40(4):583-588. doi: 10.1016/j.amjoto.2019.05.014.
Van Crombruggen K, Zhang N, Gevaert P, Tomassen P, Bachert C. Pathogenesis of chronic rhinosinusitis: Inflammation. J Allergy Clin Immunol. 2011 Oct;128(4):728-32. doi: 10.1016/j.jaci.2011.07.049.
Sohn E. Balancing act. Nature Internet] 2019 Aug 29; 572:S16-S18. Available from: https://media.nature.com/original/magazine-assets/d41586-019-02530-7/d41586-019-02530-7.pdf
Smith, P. F. The endocannabinoid system in the cochlear nucleus and its implications for tinnitus treatment. In: Møller AR, Langguth B, De Ridder Kleinjung T, editors. Textbook of tinnitus. New York: Springer; 2011. P. 639-647.
Melamede R. Cannabis and tobacco smoke are not equally carcinogenic. Harm Reduct J. 2005 Oct 18;2:21. doi: 10.1186/1477-7517-2-21.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia-Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0.
