Imunofenotipagem de amígdalas palatinas em crianças com SAOS versus amigdalites de repetição

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.2059

Palavras-chave:

Síndrome de apneia obstrutiva do sono, amigdalites de repetição, amígdalas palatinas, Imunofenotipagem, Pediatria

Resumo

Introdução: Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) e Amigdalites de Repetição (AR) são as principais indicações para a realização de amigdalectomia em idade pediátrica. Apesar do crescente conhecimento em imunologia tecidual das amígdalas palatinas, a fisiopatologia que leva ao desenvolvimento de SAOS ou AR não é totalmente conhecida.   Objetivos: Análise imunofenotípica comparativa de crianças com SAOS versus AR. O estudo epidemiológico dos doentes selecionados foi ainda realizado.
Material e Métodos: Análise por citometria de fluxo de amígdalas palatinas de crianças com SAOS versus AR. No processamento das amígdalas palatinas são isoladas as células mononucleadas (MNCs) e, a partir destas, as células T CD4 e as células T foliculares auxiliares (TFH). Foi também avaliado o tamanho e viabilidade celular e o Inducible T-cell costimulator (ICOS), marcador de ligação das células TFH às células B, durante a produção de anticorpos. Foram incluídos 69 doentes do Hospital Dona Estefânia, com idade inferior a 18 anos, entre novembro de 2018 e novembro de 2022.  
Resultados: As amígdalas palatinas foram removidas por dissecção extracapsular de 54 crianças com diagnóstico de SAOS e 15 com AR. Nos doentes com SAOS, a média de idades foi de 4.7 (± 2.2) anos, sendo 24 do sexo masculino e 30 do sexo feminino. Nos doentes com AR, a média de idades foi de 6.1 (± 2.5) anos, sendo 7 do sexo masculino e 8 do sexo feminino. As crianças submetidas a amigdalectomia por SAOS eram significativamente mais novas que as por AR (p = 0.035). Não existiram diferenças significativas entre sexos nos dois grupos (p = 0.881). Foram encontradas diferenças significativas no grau das amígdalas palatinas, pela Classificação de Brodsky, entre os dois grupos de doentes (p = 0.031). As crianças com SAOS eram mais propensas a apresentarem otite média com efusão com necessidade de miringotomia e colocação de tubos de ventilação transtimpânicos no mesmo momento cirúrgico (p = 0.034). Não existiram diferenças estatisticamente significativas nas complicações cirúrgicas da amigdalectomia entre os dois grupos de doentes (p = 0.456). Pela análise de citometria de fluxo, a contagem de MNCs e células T CD4 não se encontrou alterada entre os dois grupos. As amígdalas palatinas de doentes com AR apresentaram menos células TFH quando comparadas com amígdalas de doentes com SAOS, mas de forma não significativa (p = 0.07). O tamanho das células T CD4 não mostrou diferenças significativas entre grupos (p=0.840), porém, a viabilidade destas células foi significativamente superior nos doentes com AR (p=0.015). Nos doentes estudados, existiu uma maior intensidade na expressão de ICOS nos doentes com AR face aos doentes com SAOS.   Conclusões: Os nossos resultados apontam para diferenças na resposta linfocitária local entre doentes com SAOS e AR, porém, são ainda necessários estudos adicionais de citometria de fluxo destinados a investigar os mecanismos imunológicos na base destas duas patologias.

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Publicado

06-11-2023

Como Citar

Chantre, T., Gonçalves, J., Cerqueira, S. A., Nascimento, J., Soares, H., Moreira, I. A., Barroso, M., & Sousa, H. (2023). Imunofenotipagem de amígdalas palatinas em crianças com SAOS versus amigdalites de repetição. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 61(3), 173–280. https://doi.org/10.34631/sporl.2059

Edição

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Artigo Original